Apesar

Apesar das ausências, das más notícias, das saudades, das neuroses, dos erros e dos boicotes, da falta de açúcar ou de sorte, dos excessos de sal, dos medos, das prisões, das palavras, da intolerância à lactose, ao próximo, da insatisfação com o trabalho, com a política, com o amor, com o espelho e com o outro lado dele, vivemos e temos que viver.

A vida, com todas as suas imperfeições e lutas, nos obriga a persistir. É através desses desafios que encontramos a essência da nossa existência, a força para seguir em frente. A cada dia, enfrentamos inúmeros obstáculos, mas dentro de nós está a resiliência para superá-los.

O vazio deixado por aqueles que estão ausentes, o peso das más notícias e a dor da saudade esculpem sulcos profundos em nossos corações. No entanto, é nesses vazios que encontramos o espaço para crescer, refletir e valorizar os momentos de conexão e alegria que temos.

Nossas neuroses e erros nos lembram da nossa humanidade, da nossa capacidade de errar e aprender. Eles nos ensinam humildade e resiliência, nos impulsionando a nos tornar versões melhores de nós mesmos. Os boicotes, tanto externos quanto auto-impostos, desafiam nossa determinação, testando nosso compromisso com nossos sonhos e aspirações.

Suportamos a falta de doçura, seja na forma de açúcar ou fortuna, e a amargura dos excessos que a vida nos lança. Essas experiências moldam nosso paladar, nos ensinando a apreciar os sabores sutis da satisfação e da paz. Nossos medos e confinamentos, tanto físicos quanto metafóricos, servem como lembretes de nossas vulnerabilidades e nossa força.

Palavras, poderosas e muitas vezes afiadas, podem prender ou libertar. Elas formam os fios de nossas interações, tecendo o tecido de nossos relacionamentos e autopercepções. A intolerância que enfrentamos, seja alimentar ou social, nos impulsiona a entender e abraçar a diversidade, promovendo compaixão e empatia.

Apesar da insatisfação que sentimos com o trabalho, a política, o amor e até mesmo nosso reflexo no espelho, continuamos a viver. Esforçamo-nos para encontrar significado e propósito, para nos conectar com os outros e criar uma vida que reflita nossos valores e aspirações.

Nesta complexa dança da existência, navegamos pelos altos e baixos, as alegrias e as tristezas. É o próprio ato de viver, apesar e por causa desses desafios, que nos define. Não estamos apenas sobrevivendo; estamos criando, aprendendo, amando e evoluindo. E, nesta contínua jornada, descobrimos a profunda beleza da vida em si. ❤️

©️ Beatriz Esmer

Pencil Sketch — People

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