O Jardim das Promessas

Por Beatriz Esmer

Outro dia parei diante de um canteiro e me peguei pensando nas flores que escolhemos permitir crescer dentro da gente. Elas chegam com o encantamento da primavera — promessas doces, sorrisos semeados em tardes de sol, gestos que parecem eternos. Mas será que quem as planta está disposto a enfrentar os invernos conosco?

É fácil admirar pétalas abertas sob o calor do afeto. Difícil mesmo é permanecer quando o frio endurece os sentimentos e o vento da rotina começa a soprar com força. As raízes, nessas horas, revelam se realmente se entrelaçaram com as nossas ou se foram apenas tocando a superfície.

Tenho aprendido, entre suspiros e silêncios, que algumas pessoas chegam com sementes na mão, mas sem intenção de regar. Estão ali para colorir o instante, não para cuidar da continuidade.

Por isso, antes que plantem flores em você, pergunte: elas florescem em qualquer estação? Ou murcham na primeira mudança de clima?

Ficar não pode ser verbo passageiro. Tem que morar entre as costelas, como aqueles livros guardados que a gente nunca deixa de reler. Tem que ser presença que não parte à primeira ventania. Porque o coração — ah, o coração — é um jardim que precisa mais do que beleza: precisa constância.

E que venha o verão, o outono, os temporais. Que fiquem aqueles que sabem que amor também é poda, cuidado, paciência. Que prometem não só com palavras, mas com presença. 🙏🏾❤️

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