Crônica — O Silêncio que Ensina

Devemos aprender.

Não como quem decora fórmulas ou repete lições, mas como quem escuta com o coração. Aprender a ouvir as nuances da voz — aquele tremor sutil que denuncia o medo, o entusiasmo escondido atrás de uma gargalhada, ou o cansaço que se disfarça em frases curtas. Há tanto dito no que não se diz.

Devemos aprender a ler as pausas que interrompem a fala. Elas são vírgulas da alma. Às vezes, um silêncio vale mais que mil palavras, e é nele que mora o pedido de ajuda, o desejo de ser compreendido, o grito contido de quem não sabe como continuar.

Devemos aprender a dosar as palavras excessivas. Porque falar demais pode ser uma forma de fugir, de preencher o vazio que nos assusta. E ouvir demais sem escutar de verdade é como estar presente sem estar ali.

Devemos aprender a entender quando é hora de dar espaço para respirar. Porque o amor também é feito de liberdade. É saber que o outro precisa de tempo, de ar, de distância para reencontrar-se — e que isso não é abandono, é cuidado.

Devemos aprender a sorrir e consolar. Não com frases prontas, mas com presença. Um olhar que diz “estou aqui”, um gesto que acolhe sem invadir, uma escuta que não julga.

Devemos aprender a entender. E ser perdoados. Porque errar é humano, mas reconhecer o erro é divino. E perdoar é um ato de amor que liberta dois corações ao mesmo tempo.

Devemos aprender… a amar.

Não o amor que exige, que cobra, que mede. Mas o amor que aceita, que respeita, que floresce mesmo nas estações difíceis. O amor que se renova, que se reinventa, que permanece.

Porque no fim, tudo o que realmente importa é isso: aprender a amar. E amar aprendendo. 🙏❤️

©️ Beatriz Esmer

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