Carta à minha mãe, que vive em mim

Hoje faz dez anos que você partiu, mãe.
Dez anos que o céu ganhou uma estrela e eu ganhei uma saudade que não tem fim.
Mas hoje, mais do que a dor, quero falar do amor.
Mais do que a ausência, quero lembrar da presença.
Mais do que o adeus, quero celebrar tudo o que você me ensinou.

Você me ensinou a olhar o mundo com delicadeza.
A cuidar das pessoas com o coração inteiro.
A respeitar o tempo das coisas, mesmo quando ele parece injusto.
Você me ensinou que paciência é força, que silêncio também fala,
e que o amor verdadeiro não grita — ele acolhe.

Com você, aprendi que a casa não é feita de paredes,
mas de gestos simples: um café passado com carinho,
um abraço apertado depois de um dia difícil, um olhar que diz “eu te entendo” sem precisar de palavras.

Você me ensinou a ser firme sem deixar de ser doce.
A ser justa sem deixar de ser humana.
A ser mulher com coragem, com fé, com dignidade.

E mesmo depois que o vento te levou,
você continua aqui — nas minhas escolhas, na minha voz, no meu jeito de amar.
Você é a raiz que me sustenta, mesmo invisível.
É o perfume que a memória guarda, mesmo sem frasco.
É o balão que o céu levou, mas que o coração nunca soltou.

Hoje, mãe, eu não te choro.
Hoje eu te agradeço.
Por tudo o que foi, por tudo o que ficou, e por tudo o que ainda vive em mim.

Com amor eterno,
com saudade serena,
com gratidão que não cabe em palavras,

Beatriz Esmer

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