Não adianta, meu bem.
Há coisas que não se contêm, não se comprimem, não se domesticam.
Oceano não cabe em represa, assim como sentimento não cabe em silêncio.
Tentei, juro que tentei.
Construí muros, digitei mensagens que nunca enviei, sorri quando queria gritar.
Mas o que é imenso não se esconde.
O que pulsa não se cala.
E então, transbordei.
Não por fraqueza, mas por excesso.
Excesso de amor, de dor, de tudo que não coube em mim.
E nesse transbordar, descobri que há beleza na inundação.
Porque só quem transborda é quem tem o mar dentro de si.
©️ Beatriz Esmer
