Janeiro — 2016

Mãe!

Vem ouvir a minha cabeça a contar histórias ricas que eu ainda não viajei! Traz tinta encarnada para escrever estas coisas! Tinta cor de sangue, sangue! Verdadeiro, encarnado!

Mãe! Passa a tua mão pelos meus cabelos!

Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra, senão de viagens! Eu vou viajar. Tenho sede! Eu prometo saber viajar.
Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um. Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa. Depois que eu chegar, vou me sentar ao teu lado. Você costura e eu te conto sobre as minhas viagens, aquelas que eu viajei, tão parecidas com as que eu não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras, imprimidas em poesia e prosa.

Mãe! Ata as tuas mãos às minhas e da um nó cego muito apertado! Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa. Como a mesa. Eu também quero ter um feitio que sirva exatamente para a nossa casa, como a mesa, onde nós reuníamos para comer e nos lembrávamos de bons momentos.

Mãe! Passa a tua mão pela minha cabeça!
Quando passas a tua mão na minha cabeça é tudo tão verdade!

Saudade eterna! ❤❤❤

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