The Silver Alchemy

The sky and the earth are drinking from the same silver cup tonight. Do you see it? The moon has spilled its wine across the threshold, and the dust of the world has turned to pearls.Why do you cling to the name “man” or “woman”? Tonight, the Moon has reached down and plucked the heavy cloak of “self” from my shoulders. I am no longer a prisoner of skin and bone; I am the shimmer on the water, the breath that has escaped the flute. The Great UnlearningThe mind whispers of tomorrow and yesterday, of worries and weights—but the Moon … Continue reading The Silver Alchemy

A Epifania do Mínimo

Muitas vezes, a gente caminha pelo mundo com uma pressa que é, no fundo, um medo de olhar. E nessa cegueira, subestimamos o poder de um contato. Um toque que não quer nada, mas que diz tudo: “eu te vejo”. É uma coisa quase assustadora, não é? Perceber que um sorriso, esse breve repuxar de lábios, pode ser a fresta por onde entra a luz em uma casa que estava fechada há anos. Uma palavra gentil não é apenas som; é matéria. Ela ocupa um espaço no ar que antes era preenchido pelo vazio. E aquela escuta atenta… ah, como … Continue reading A Epifania do Mínimo

O Menino e o Deserto: Um Natal sem Estrelas

Dizem as velhas histórias que, num tempo de areias sussurrantes, um Menino nasceu num presépio de palha, trazendo no colo o mundo inteiro. Era um tempo de milagres. Mas a gente fica aqui pensando, com esses olhos de quem já viu tanta chuva: e se o Menino resolvesse chegar hoje? E se Ele escolhesse, por um descuido do destino, as terras da Palestina? Lá, onde o silêncio é feito de gritos antigos e a infância é um brinquedo quebrado antes da hora, como seria o Seu primeiro choro? Imagino o Menino Jesus abrindo os olhos entre escombros, em vez de … Continue reading O Menino e o Deserto: Um Natal sem Estrelas

The Instant-Now

Today? No, it is not simply “today.” It is a pulsation. I feel the renewal not as a gift, but as a shedding of skin—a raw, wet peeling of the soul. Yesterday did not merely “slip away”; it dissolved like salt in a dark sea, leaving only the bitter taste of a whisper. To want to return? What a strange, impossible hunger. One cannot go back to the room of the past; the door has become a wall, and the wall is silent. All those “could-haves”—they are not echoes, they are ghosts that I must kill with my own two … Continue reading The Instant-Now

Deixe Brilhar…

Olhe para as estrelas e sossegue o coração: entre tantos bilhões, você é rastro único, faísca divina no tear do universo. Cada luzinha lá no alto é um segredo soprando que sua vida, por mais simples, é um milagre que a terra celebra. Sinta o capim fresco debaixo dos pés e recorde: a gente não desaprende a ser criança, a gente só esquece. O verde do chão chama o corpo para o brinquedo, para o passo descalço e para a alegria que não precisa de luxo, só de um abraço da natureza. Repare nas nuvens que passam pesadas. Elas ensinam … Continue reading Deixe Brilhar…

O Jardim dos Afetos

Dizia o mestre que a gente não é dono de nada. O jardim, se você reparar bem, é uma lição de desapego escrita em verde. Tem gente que olha para uma orquídea e diz: “Esta flor é minha”. Pobre ilusão. O pronome possessivo é uma gaiola de ouro que a gente inventa para tentar estancar o fluxo da vida. As plantas, coitadinhas, não entendem de cartório. Elas não são pronomes; elas são verbos. Amar é verbo. É o ato contínuo de regar, de observar o silêncio do broto, de respeitar o tempo da floração que não obedece ao nosso relógio … Continue reading O Jardim dos Afetos

O Acerto de Contas com o Espelho

— Você está curada? — perguntou a voz dentro do espelho, uma voz que tinha o som de papel rasgado.— O corpo sim. A carne fechou-se sobre o susto. Mas algo ficou aberto.— O caderno.— Sim, o caderno. A morte me deu um bloco de notas e esqueceu de levar a caneta. Agora, cada batida do meu coração parece o tique-taque de uma conta que precisa ser paga. “Diga quem você é”, o caderno me ordena. E eu… eu não sei o que dizer sem usar nomes que não me pertencem.— Não use nomes. Use o que você sustenta. O … Continue reading O Acerto de Contas com o Espelho

Mãe III

Mãe,Trago comigo esse passado mal enterrado,lembranças que teimam em fazer sombra,feito assombração de beira de estrada.Tem noites que sua filha parece se desmanchar,uma dor de rasgar o peito, um lamento que não finda.Mas quando o galo canta e o sol aponta no cerrado,eu mesma vou juntando meus pedaços,remendando o que a vida esgarçou.Sou feita de cacos, é verdade,como louça antiga que caiu do armário.Mas em cada emenda, mãe, tem um fio de força.Minhas cicatrizes são os meus caminhos,são as rugas da alma que aprendi a aceitar.Ainda não soube enterrar o que passou,mas vou levando o fardo com a calma de … Continue reading Mãe III

O Ofício de Sentir

Trago aqui minhas mãos carregadas de memórias, não como quem carrega um peso, mas como quem sustenta o próprio vazio do tempo. São mãos que pesam de tanto nada conterem, senão o rastro do que passou. Ouço-as repetidamente escrever — e é estranho que as mãos falem aos ouvidos do espírito. Elas escrevem sobre sonhos, essa arquitetura do impossível que construímos para não ter de olhar para o chão. Escrevem sobre a beleza, que nada mais é do que o cansaço de não saber o que as coisas são. E escrevem sobre a alma, essa palavra que usamos para nomear … Continue reading O Ofício de Sentir

Para o Desabrochar de 2026

Não desejo a vocês um ano de grandes barulhos, mas de grandes silêncios. Que em 2026 a alegria não seja um evento passageiro, mas aquela paz mansa que a gente sente ao ver um ipê florir ou ao provar um pão quentinho. Desejo que cada dia seja como uma música antiga, tocada baixinho, feita de momentos que a gente guarda no “bolso da alma”. Que o riso de vocês não seja apenas um som, mas o transbordar de um coração que aprendeu a descansar na própria serenidade. Que a vida em 2026 tenha a delicadeza das pétalas: que caem sem … Continue reading Para o Desabrochar de 2026